
Polícia diz que usa de meios legítimos para dispersar os protestos no país. A PRM reconhece, entretanto, que no meio disto ocorrem situações imprevistas que culminam em ferimentos. O Comando-Geral esclarece, ainda, que efectuou disparos, na KaTembe Nsimi, distrito de Matutuine, província de Maputo, impedir ocupação ilegal de terra.
Falando à imprensa, nesta terça-feira, a Polícia da República de Moçambique diz que tem recorrido a meios legítimos para conter os protestos, mas, no meio disto, acontecem situações involuntárias que causam ferimentos aos protestatários.
“Às vezes os manifestantes ou os que se propõem a manifestar vão criando situações de vandalismo e nós temos meios legítimos de prevenção a estes factos. Temos meios, também, de dispersão de massas. São meios legítimos, tal como o gás lacrimogêneo e, nessas circunstâncias, pode haver alguns feridos, mas são circunstâncias involuntárias. Naturalmente que várias vezes a Polícia é que socorre e leva às unidades sanitárias para assistência”, revelou Leonel Muchina, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique.
Entretanto, Leonel Muchina sublinha que “temos estado, cada vez mais, a aprimorar a componente de prevenção desta questão de obstrução de vias e vamos optando mais pela sensibilização desta comunidade que se propõe a inviabilizar a trajetória normal das pessoas”.
E para estas situações involuntárias, a Polícia garante que tem dado assistência às vítimas.
“Nós temos um departamento específico de saúde. Este departamento é especializado para fazer acompanhamento quer dos membros que são feridos em circunstâncias como estas quer daqueles que, por algum incidente, acabam sendo vítimas de alguma situação, que tenha a ver com a dispersão de massas que é, naturalmente, involuntária. A Polícia não está para intentar contra os seus cidadãos. A Polícia está para proteger e hão-de perceber que são situações involuntárias como estas que vão ocorrendo. É do nosso interesse garantir que estas pessoas tenham a sua integridade física intacta”, explicou o porta-voz do Comando-Geral da PRM.
A PRM lamenta a destruição das esquadras e dos postos policiais no contexto dos protestos e enaltece a reconstrução pela população.
“No âmbito das manifestações violentas, que culminaram com a destruição de algumas esquadras e alguns postos policiais, a PRM saúda o engajamento das comunidades de vários pontos do país que propuseram e vão materializando a reabilitação e construção destas infraestruturas que se demonstram ser de relevância extrema e imprescindíveis para a garantia da ordem e segurança públicas”, avançou Muchina.
Sobre os disparos ocorridos, nesta segunda-feira, na KaTembe Nsimi, distrito de Matutuine, província de Maputo, a Polícia esclarece que o objectivo era dispersar as pessoas e impedir a ocupação de uma parcela de terra, que é reserva do Estado para a construção de uma cidadela parlamentar.
“Nós tivemos cerca de dois mil e quinhentos cidadãos do Grande Maputo que se propuseram a ir até a este espaço e fizeram a ocupação efectiva. Foram construídas cabanas, pequenas bancas e é um espaço que vem de forma restrita para a construção dessa cidadela. É uma propriedade do Estado, que não se pode de forma desenfreada fazer esta ocupação. Existem critérios para a ocupação. A Lei de Terras é específica. Nós temos priorizado conversar com as comunidades para que elas percebam de algumas irregularidades que vão cometendo. Às vezes, é pela ingenuidade. Neste caso concreto, não houve nenhuma detenção. Foi apenas repreensão em relação à ocupação da zona”, sublinhou o porta-voz do Comando-Geral da PRM.
Nos últimos sete dias, a Polícia revela ter registo de 15 acidentes de viação, que resultaram na morte de 28 pessoas, 29 feridos graves e 33 ligeiros.