
Em meio a um cenário constantemente marcado por denúncias de corrupção e interferências políticas nas forças de segurança, um gesto de humanidade e coragem protagonizado por duas agentes da polícia moçambicana devolve a esperança de que ainda há heroínas de farda no país.
Eram 04h10 da madrugada do dia 16 de abril de 2025, no Posto de Travessia Oficial de Ressano Garcia, concretamente na Cancela n° 02, setor da 2ª Companhia, zona do 2° Batalhão Corumana. Uma cidadã moçambicana, em avançado estado de gravidez, que viajava num mini-bus de transporte semi-coletivo no sentido África do Sul–Moçambique, entrou repentinamente em trabalho de parto.
Em meio ao nervosismo generalizado dos passageiros, duas mulheres polícias agiram com firmeza e compaixão. Arsénia da Evarista Pedro Manhique, Subchefe da Polícia de Fronteira (PF), e Euclidas Alima Momad, Guarda da Migração, não hesitaram: prestaram socorro imediato, assumindo o delicado processo de parto ali mesmo, em plena zona fronteiriça.
Com profissionalismo e empatia, as agentes ajudaram a mulher a dar à luz em segurança, demonstrando não apenas preparo técnico, mas um profundo senso de humanidade. Após o parto bem-sucedido, mãe e bebê foram acompanhados pelas duas policiais até o Centro de Saúde local, utilizando a mesma viatura em que a mulher viajava.
O episódio, além de raro, é um símbolo do que ainda pode ser resgatado nas instituições públicas: o compromisso com o próximo, a ética no serviço e a nobreza de servir à sociedade, mesmo nas circunstâncias mais adversas.
Enquanto parte da corporação enfrenta sérias acusações de corrupção e de atuação politicamente instrumentalizada, histórias como essa mostram que, sim, ainda há heroínas na polícia moçambicana. E que, no meio do caos, a esperança pode renascer — às vezes, literalmente — nas mãos de quem escolheu proteger e cuidar.